São muitas as vozes que soam na minha voz.
Minhas lembranças nem são todas minhas.
Às vezes são de gente que nem conheci.
Não vivi tudo que conto que lembro que invento,
mas sou o fruto de tudo que me tocou medespertou me espantou.
A luz da memória sobre os acontecimentos é feita de feixes.
O foco é tênue, e as partículas dançam sobre rostos paredes
paisagens para depois cair imantando as coisas de brilho
sombra e fantasmagorias. Fogo-fátuo fugaz ouro de tolo toldo de luz.
Nevoeiro, nebulosa de estrelas mortas com seu brilho indelével.
No firmamento e na memória, a beleza serena das luzes que já morreram.
Hilda Lucas, “tudo umbigo”