É um livro onde tudo vacila, hesita, no qual os personagens esmaecem ao ponto de se tornarem “singularidades linguísticas” – um “eu” mínimo, um “ele”, um “alguém” ou “aquele”, apenas – desencadeando um processo que age diretamente sobre o estatuto da literatura como, correlativamente, sobre as instâncias mais básicas e estruturadoras de qualquer discurso que tente mobilizar uma forma de poder. Com isso em mente, como penetrar no mistério dessa estranha convivência, dessa perturbadora coabitação entre o narrador e seu companheiro que não o acompanha?
Maurice Blanchot, um dos mais instigantes escritores e pensadores da literatura contemporânea, pública Aquele que não me acompanhava em 1953 em sua segunda e última grande fase ficcional. Neste período a expressão literária de Blanchot se radicaliza, torna-se mais experimental e coloca à prova as possibilidades expressivas do esvaziamento potencial das figuras estruturantes da própria ideia de literatura. Este é o maior desafio e a razão do estranho deslumbramento do leitor em contato com uma narrativa cujos acontecimentos internos foram reduzidos ao mínimo, às banalidades dos menores e mais óbvios gestos cotidianos e que, mesmo assim, desvelam aquilo ou aquele que ainda não tem nome.
Informações sobre o Livro
Título do livro : AQUELE QUE NAO ME ACOMPANHAVA
Autor : Maurice Blanchot
Idioma : Português
Editora do livro : Autonomia Literária
Edição do livro : 1
Capa do livro : Mole
Ano de publicação : 2024
Quantidade de páginas : 160
Tradutores : Joao Gomes
Gênero do livro : Literatura e ficção
Tipo de narração : Conto
Data de publicação : 15-08-2024
Peso : 210 g
Altura : 30 cm
Largura : 23 cm