Desde os episódios dramáticos da Revolução Francesa, toda vez que sentiram a ordem social novamente ameaçada, conservadores e reacionários de diferentes matizes mobilizaram um formidável arsenal discursivo para protegê-la. É a partir desse variado repertório que Albert O. Hirschman compõe com erudição incomum este magnífico A retórica da intransigência. Recorrendo a exemplos extraídos tanto de discursos parlamentares redigidos no calor do momento como de livros clássicos do pensamento antirrevolucionário e antirreformista, Hirschman demonstra que existem três teses – perversidade, futilidade, ameaça – que há duzentos anos se repetem compulsivamente na retórica de conservadores e reacionários, todas elas destinadas a provar que qualquer tentativa de mudar a sociedade é desastrada, tola ou prejudicial. Mas estariam os chamados progressistas em posição confortável para acusar seus inimigos, dedo em riste, de repisar sempre os mesmos argumentos? Essa indagação feita pelo autor promove uma reviravolta no andamento da análise, que ganha, assim, novos horizontes e implicações não previstas de início. Tentado a procurar no repertório progressista teses simetricamente inversas às detectadas no campo oposto, Hirschman transforma o que em princípio é um estudo saboroso e esclarecedor sobre a retórica reacionária tout court numa investigação absolutamente inovadora sobre a retórica da intransigência de maneira geral (cuja maldição maior é impedir toda e qualquer deliberação aberta e democrática), sem relegar a elegância do texto e a clareza dos argumentos.
Editora: CIA DAS LETRAS
Autor: HIRSCHMAN,ALBERT O.
ISBN: 9788535932362
EAN: 9788535932362
Páginas: 188
Encadernação: brochura