As religiões de matriz africana em todo o Brasil – em especial o Candomblé e o Tambor de Mina no sudeste e nordeste e o Batuque na região sul do país – são historicamente, muito mais que religiões: são núcleos de resistência e afirmação identitária do povo negro, trazido escravo desde a África por centenas de anos. Nesse sentido, a reprodução das relações familiares nas relações sagradas dos terreiros faz as vezes reencontro com a ancestralidade africana.
Da mesma maneira, a preservação de seus ritos e rezas, entoados como música em seus idiomas nativos, reafirmam a conexão sagrada entre a África mítica e o Brasil espiritual. Há, inclusive, um ditado comum dentre seus praticantes que diz “no terreiro nada se ensina, mas tudo se aprende”.
É no silêncio, pela observação e prática, com olhos bem abertos e ouvidos atentos que se aprende a magia e os segredos dos Orixás. As palavras de cumprimento, as saudações às divindades, as preces e os pedidos entoados em idioma iorubá vão ganhando significado simbólico à medida que se (con)vive no âmbito do sagrado.
Nas palavras do Prof. Dr. José Flávio Pessoa de Barros: “para inúmeros pesquisadores, como também sacerdotes, o estudo das línguas ancestrais, que chegaram ao Brasil por meio da diáspora negra, é ponto vital para a compreensão de um estilo de vida singular que o legado africano trouxe como contribuição à sociedade nacional”.
Por tudo isso, o livro que você agora tem em mãos busca reafirmar a relação humano-divindade, registrando o aprendizado do idioma sagrado dos Orixás como ferramenta de diálogo intercultural e interessando tanto aos afrodescendentes e praticantes das religiões de matriz africana, como também a todos aqueles que desejam compreender que, assim como o alimento, as palavras e seus sons têm poder!
Vamos falar yorùbá? é um guia seguro para o aprendizado deste idioma, desde os conceitos iniciais das flexões verbais até as complexidades de sua gramática, acompanhado por um minidicionário, exercícios e áudios exclusivos para o aprendizado da pronúncia.